Procuro todo ano um novo local para passar minhas curtas férias de cerca de oito dias. Quase sempre, a escolha recai sobre as cidades praianas do Brasil. Não que eu goste de praia, mas meu parceiro gosta. Acabo cedendo, o que é bem típico. Mas essa é outra história.
O fato é que sempre me deslumbro com o quanto somos privilegiados pela natureza que nos presenteia com belas paisagens. Seja pelo mar azul ou esverdeado com suas praias de areia fina e branca, ou pelas verdejantes matas, muitas vezes com falésias coloridas separando os dois cenários.
Ao mesmo tempo, percebo o quanto somos gananciosos e imaturos na destruição de toda essa beleza, que é o motivo das nossas tão sonhadas férias. No ano passado, estive em João Pessoa. Que povo hospitaleiro! Que delícia de praias com suas águas quentes! Mas que descuido com o patrimônio histórico! As construções que contam a nossa história se deterioram diante da indiferença da população e dos governantes. Alguns poucos se manifestam e encontram ouvidos moucos. Devo ressaltar que o calçadão da praia, assim como as ruas percorridas, eram limpos, mas falta zelo pela preservação da nossa história. O Hotel Globo, muito bem localizado e com possibilidades infindáveis de exploração turística, teve todo o seu mobiliário esquecido e surrupiado; hoje, o tempo o dilapida, enquanto as agências turísticas nos leva para vê-lo. O mesmo ocorre com o antigo Colégio Nossa Senhora das Neves e muitos outros.
Encontrei, por acaso, um grupo de políticos e empresários em um dos restaurantes da orla. Pedi licença e expressei minhas opiniões, crivando-os de perguntas não respondidas. Mas quem sou eu? Apenas mais uma turista. Atrás de mim, virão outros e mais outros...
O mesmo se deu este ano. Dessa vez, em Ilhéus. Vendem a imagem e frases soltas de Jorge Amado. Excluindo o Bataclã e o Vesúvio, o restante descasca e se dissolve no calor e no tempo. A estátua de Jorge Amado em dourado, à porta daquilo que chamam de Casa de Jorge Amado e que tem como recepcionistas meninas descuidadas e que jamais abriram um livro do autor, clama por cuidado e respeito ao seu legado e à terra que ele imortalizou em seus romances.
Como escritora, levei livros para doar para a Biblioteca Municipal Adonias Filho, que, diga-se de passagem, é um prédio de arquitetura neoclássica belíssimo. Dei de cara com um prédio moribundo. Não se deram nem ao trabalho de atualizar o site, informando que a biblioteca está fechada há mais de dois anos.
As praias são convidativas, bem ao meu gosto: longa faixa de areia com ondas leves, ideais para crianças e famílias se divertirem. Mas a sujeira que impera nas barracas nos afasta das suas cozinhas, e o atendimento parece nos comunicar: "Não precisamos de vocês, turistas!"
No próximo ano, pretendemos ir a Guarajuba, Bahia. Será uma viagem de reunião de família. Se a praia não for boa, teremos a mesa de buraco garantida, as piadas soltas e o aconchego do seio familiar. Portanto, sem grandes expectativas.
E as águas de março? Pois é: estamos no final de maio e as chuvas castigaram impiedosamente o Rio Grande do Sul. Qual a relação? Vocês se perguntam. A resposta é simples: mais uma vez nos deparamos com a ambição humana versus Natureza.
São as águas de março?
Não
são as águas de março que trazem a destruição,
mas
a desonesta e degradada falta de ação.
Não
são as águas de março fechando o verão,
são
as promessas não cumpridas que calam no nosso coração.
É a corrupção arrastando vidas e dignidade pelo chão.
Trecho do poema escrito em 30/05/2024.
Foto Acervo pessoal
Uma pena, nosso Brasil tão lindo, deixado de lado pela ganância dos nossos políticos. Um potencial turístico enorme que não é aproveitado . Será que algum dia o brasileiro toma jeito e valoriza seu país?
ResponderExcluirTomara, minha amiga. Não podemos perder as esperanças. Grata por ter passado por aqui.
ExcluirQue texto!!!
ResponderExcluirAgradeço sua participação.
ExcluirAdoro suas escritas! 😘
ResponderExcluirGrata por acompanhá-las.
ExcluirSempre arrasando nos seus textos 👏👏
ResponderExcluirAgradeço pela leitura e comentário.
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