domingo, 22 de setembro de 2013

Uma colecionadora


Viajar sempre foi, e ainda é, um dos meus maiores prazeres. Viajar é colecionar coisas, momentos , relações, sabores, memórias... Portanto sou colecionadora. Gosto de abraçar o novo, gosto de sentir- me estrangeira, para assim ficar mais tempo comigo. Gosto de ficar sentada e observar transeuntes. Me encanta cores, formas, histórias e ações em movimento. 
Gosto do poema de Santo Agostinho que nos questiona: 
"Não vês que somos viajantes? E tu me perguntas: Que é viajar
Eu te respondo com uma palavra: é avançar!". 
Sendo assim, vamos avançar, nada de ficar parados no caminho! 
Mas enquanto vocês não arrumam as malas, viajem neste delicioso texto de Marcelo Penteado, que gentilmente permitiu-me trazê-lo para mais esta coleção.

Uma vez fui viajar e não voltei.


Uma vez fui viajar e não voltei.
Não por rebeldia ou por ter decidido ficar; simplesmente mudei.
Cruzei fronteiras que eu nunca imaginaria cruzar. Nem no mapa, nem na vida. Fui tão longe que olhar para trás não era confortante, era motivador.
Conheci o que posso chamar de professores e acessei conhecimentos que nenhum livro poderia me ensinar. Não por serem secretos, mas por serem vivos.
Acrescentei ao dicionário da minha vida novos significados para educação, medo e respeito.
Reaprendi o valor de alguns gestos. Como quando criança, a espontaneidade de sorrisos e olhares faz valer a comunicação mais universal que há – a linguagem da alma.
Fui acolhido por pessoas, famílias, estranhos, bancos e praças. Entre chãos e humanos, ambos podem ser igualmente frios ou restauradores.
Conheci ruas, estações, aeroportos e me orgulho de ter dificuldade em lembrar seus nomes. Minha memória compartilha do meu desejo de querer refrescar-se com novos e velhos ares.
Fiz amigos de verdade. Amigos de estrada não sucumbem ao espaço e nem ao tempo. Amigos de estrada cruzam distâncias; confrontam os anos. São amizades que transpassam verões e invernos com a certeza de novos encontros.
Vivi além da minha imaginação. Contrariei expectativas e acumulei riquezas imateriais. Permiti ao meu corpo e à minha mente experimentar outros estados de vivência e consciência.
Redescobri o que me fascina. Senti calores no peito e dei espaço para meu coração acelerar mais do que uma rotina qualquer permitiria.
E quer saber?
Conheci outras versões da saudade. Como nós, ela pode ser dura. Mas juro que tem suas fraquezas. Aliás, ela pode ser linda.
Com ela, reavaliei meus abraços, dei mais respeito à algumas palavras e me apaixonei ainda mais por meus amigos e minha família.
E ainda tenho muito que aprender.
Na verdade, tais experiências apenas me dirigem para uma certeza – que ainda tenho muito lugar para conhecer, pessoas a cruzar e conhecimento para experimentar.
Uma fez fui viajar…
e foi a partir deste momento que entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta.
                                                                           http://sigoescrevendo.com/

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Se Virando em Busca da Felicidade

 
                                              O livro é uma das possibilidades de felicidade que dispomos.
                                                                                            Jorge Luís Borges                         
                                               
Estou feliz ou venho me sentindo feliz? Não sei responder. Sei que estou aproveitando, antes que esta porta se feche. Estou saboreando esta  paz de espírito que ora inunda minha alma. E me pergunto há,
realmente, uma diferença entre " estar feliz " e "ser feliz"?
Decidi ler um pouco mais sobre o assunto.  Coincidência ou não, quando termino de escrever o texto vejo uma manchete em um dos sites : 15 coisas que Você Precisa Saber Sobre a Felicidade. Com certeza todos nós  estamos sempre correndo atrás desta moeda mágica: Felicidade!
Segundo Bárbara  Axt, a "Felicidade  é uma cenoura pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo". (Nada como ser comparada a um coelho em corrida! Eca!). Estudar, conseguir um novo emprego, uma viagem, casar, separar, ter filhos... Todas estas "conquistas" têm como objetivo alcançar a cenoura, a moeda mágica.
Corremos  em busca destas sensações prazerosas. Neste caso, a Felicidade, esta estreitamente ligada aos nossos sentidos, daí ser transitória. Isto explicaria o " estar feliz". Conclusão plausível para aqueles que acreditam que Ela é feita de momentos...
Para o psicólogo Robert Wright“As leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo”. Cruzes! Muito analítico, muito frio... 
As receitas para alcançá-la são as mais diversas possíveis, mas é possível encontrar pontos em comum em muitas delas. E quem sabe é por aí que devo seguir... Recorro a poesia. Talvez, lá, encontre as respostas que me guiarão para permanecer neste estado de felicidade. É com Fernando Pessoa, que alinho meu pensamento, quando ele afirma que " Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. É agradecer a Deus a cada minuto pelo milagre da vida."
E, como sou uma admiradora do Pessoa, vou seguindo adiante, procurando outros que comprovem esta idéia, porque nela há mais profundidade e maiores chances de alcançar o " ser feliz". Porém, sei também, que é um aprendizado, temos que ser alunos persistentes nestes exercícios. Acha que é fácil perdoar? E vencer nossos medos? Amar então nem se fale! E quantos de nós realmente consideramos a vida como um milagre? Que dirá agradecer por ele!
São nestas tarefas que venho trabalhando... Sou iniciante, sendo assim, comecei pelos mais fáceis. Outro dia, acordei meio  para baixo. Fui ao mercado e comprei flores frescas. Coloquei-as sobre a mesa em um belo jarro. Pronto! Elas me lembravam a beleza da vida... Mudei de humor. Em um outro, após uma discussão com o marido, percebi que estava de "cara amarrada" e ressentida. Respirei umas cinco vezes, profundamente, e disse a mim mesma, que não havia sentido cultivar aquele sentimento negativo. Fui desanuviando...
Sem contar que decidi não ter medo das novidades, elas são bem vindas. Iniciei a fazer pequenas coisas;  como aprender a andar de bicicleta, cantar no coral. Detalhe, em uma língua que ainda estou aprendendo _ holandês! Desta forma, vou seguindo como estudante aplicada, aprendendo esta difícil arte de Amar. Me amar e amar os outros. Acredito  que exercitando este Amor Pleno, alcançarei este estado de Felicidade. Cabe a nós sermos bons aprendizes. Praticando sempre. É necessário termos a coragem de vencer nossos medos, exercer a caridade, o perdão, consigo e com os outros, e segurar com Amor nossa moeda mágica. Acredito que esta é a chave para Ela permanecer conosco.

 Foto: Lucia Boonstra Firmino