terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um alien na minha coluna


                   

A primeira vez que o senti, estava em um hotel em Portugal.
Ele repuxou as minhas costas com tanta firmeza, que quase
caí. Continuou num processo de mostrar presença marcante.
Alimentei-o com duas aspirinas e ele aquietou-se.
Entranhado entre a minha coluna e os meus pulmões, ele
permanecia escondido e crescendo sorrateiramente.
De vez em quando, descuidava-se e eu o quase percebia.
A medida, que foi avolumando, fui sentindo o cansaço tomar
conta de mim. Afinal, carregá-lo não era tarefa fácil.
Depois de um ano, era quase impossível para ele, esconder-se.
O espaço era pequeno. Á noite, ao deitar-me, eu restringia mais
ainda o seu espaço. Ele, incomodado, passava a me incomodar
também. Cravava-me com tanta raiva, que as dores provocadas,
me obrigavam a levantar-me.
Como ainda desconhecia sua presença, acreditei ser meus rins
que resolvera punir-me pela pouca presença de água no meu organismo.
Tratei de alimentá-lo com mais água e mais algumas prescrições médicas.
Meus rins, surpreso, agradeceu a atenção, mas nada podia fazer, além do
seu trabalho, que estava sendo feito.
Resolvi fazer uma foto, para identificar este inimigo que teimava em tirar-
me o doce prazer de aninhar-me nos braços de Morfeu. Na primeira foto,
ele saiu embaçado, disforme, uma massa. Acho que percebeu que estava
para ser descoberto e tentou camuflar-se. Decidimos que iríamos descobri-lo.
Uma foto cintilografada!
Esta era a solução!
E, finalmente ele apareceu. Nítido, preciso e crescendo...
Ainda, hoje, após um mês de tê-lo identificado, ainda penso que poderia ser apenas
um estranho animal, que tivesse entrado em meu corpo, e encarapitado em minhas costas...
Uma intervenção cirúrgica resolveria a situação.
Porém, não é. Ele parece ter vida própria. Um parasita que se alimenta do meu corpo...
É um alien.
É conhecido como Linfoma Maligno Não-Hodgkin. 

                                               Escrever é minha forma de extravasar minhas emoções.
                                                        Ao meu amor, com carinho...


sexta-feira, 16 de março de 2012

Erratas, também as quero.


Lya Luft, na Revista Veja de 24/29 de fevereiro de 2012, publicou Erratas na Vida. Como sempre um texto limpo, belo e verdadeiro. Gosto do que ela escreve. É sempre surpreendente e tão simples. Se algum dia tivesse a pretensão de ser escritora, gostaria de tê-la como fada madrinha. E, enquanto esta habilidade não se apropria de mim, vou seguindo a Lya, a Cecília, o Mário e tantos outros que nos conquistam através de sua Literatura colorida de vida.

No texto, a Lya lamenta "...não poder fazer erratas na vida... Uma errata para as muitas decisões atrapalhadas, tantas indecisões desnecessárias, tantas lágrimas por tolices e tanta mágoa por infantilidade. Errata para os erros e também para o que não foi erro, mas desatenção, inabilidade, incompetência mesmo." 
Depois disto não há muito o que acrescentar, não é mesmo? 
Entretanto, quero fazer uma errata, enquanto é tempo. Para celebrar meu prazer de viver mais um ano, reuni alguns amigos para um chá da tarde. No meu ponto de vista, estava tudo perfeito. O jardim bem cuidado, os convidados acomodados em volta das mesas ou simplesmente sentados aqui e ali, bebericando e jogando conversa fora. Até a chuva prevista, concedeu-nos uma trégua e deixou-nos a vontade para deliciarmos o ar da noite, tendo o céu difuso por companhia. A minha mineirice hospitaleira, fez com que me preocupasse muito em nada faltar aos convidados, que acabei pecando em um detalhe: o clik! Em tempo de redes sociais, todos querem ver e serem vistos. Pequei. Não tenho o hábito do registro fotográfico. Houve alguns, feitos aleatoriamente, pelo meu marido e um ou outro por amigos; mas tantos deixaram de ser feitos! E, agora, com saudades, lembro de momentos como o abraço das netas, o sorriso maroto do filho, a chegada de novos amigos, o abraço daqueles que sempre estão conosco, e muitos outros ficaram apenas na lembrança. 
Desta forma, novamente recorro a Lya Luft para encerrar este desabafo: "Não dá para fazer correções dos erros que cometemos na nossa vida. É preciso contar com o perdão dos outros e a anistia da gente mesma."
 Quem me dera se fosse só esta, ou simples como esta, as erratas que eu tivesse que fazer na minha vida!! Mas como elas devem vir sempre nas últimas páginas... 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Meu sapato

De volta a Sampa! 
E mais uma vez, a cidade me encanta. Hospedada na Haddock Lobo, tive a oportunidade
de aproximar - me da Paulista. De forma meio tímida, fomos nos explorando... Vi os espigões ávidos pelas alturas. Vi pequenos e belos palacetes espremidos entre eles, mas com árvores que crescem ao seu redor, trazendo um bucólico passado a este presente pulsante que é a Avenida Paulista. Vi muito mais. Impossível enumerar.
Impossível, também, não mencionar a exposição "O Sertão: da caatinga, dos santos, dos beatos e dos cabras da peste", no Museu Afro Brasil, que permanece até abril. É uma verdadeira imersão na História do nordeste brasileiro. Através das pinturas, fotos, roupas, brinquedos... Viajei com Euclides da Cunha, Suassuna, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga e tantos outros. Fomos descobrindo o Arraial de Canudos, Chapada do Araripe e Vale do Caldeirão. Convido a todos a fazerem o mesmo. E se você é nordestino, não pode deixar de ir até lá e ter uma prosa com o Padrinho Padre Cícero.
Para cobrir tantas léguas,
                                
                           Preciso de sapatos confortáveis.
Mas que sejam elegantes.
Meus sapatos me levarão
Por caminhos largos,
Por ruelas estreitas,
Avenidas e alamedas...
Juntos atravessaremos pontes,
Caminharemos pelos parques,
Jardins e praças.       
Meus sapatos...
Juntos olharemos vitrines,
Visitaremos museus,
Invadiremos restaurantes e bares,
Subiremos escadas...
Cruzaremos rios e oceanos.
O guia nos mostrará castelos,
Arquiteturas de época, monumentos...
E, juntos, sei que descobriremos,
                     O par perfeito.


domingo, 15 de janeiro de 2012

O Piano


                                  O Piano

                      O piano executa uma triste canção...
                      Cada carta lida,
                      Representa um capítulo de ilusão.

                     Sentir a vida,
                     Pode ser um desafio,
                     Para quem tanto deseja,
                     Uma paixão...
   
                    Há encontros,
                    Reencontros,
                    Prelúdios e,
                    Interlúdios...
                    Mas chega o momento...
                    Do acabar...
                    Do partir...
                    Do adeus.
                   
                   E, aí, mais um capítulo
                   Que encerra esta união...
                   E novamente o piano executa
                   Mais uma triste canção!... 
                                                                15/09/1992

                               

domingo, 8 de janeiro de 2012

Equilíbrio


 "Imaginem a vida como um jogo, no qual vocês fazem  malabarismo com cinco bolas que
lançam no ar. Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. O trabalho
é uma bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula para cima. Mas, as quatro outras são de vidro.
Se caírem no chão, quebrarão e ficarão permanentemente danificadas." Brian Dyson.
                     
                        Se sente calor, busque o frio
                        Se a tristeza vem, busque a alegria.
                        Mas a grande meta é o equilíbrio.
                        Pois, este é o que trará harmonia.

                       Os propósitos, hábitos e atitudes
                       Juntos devem andar.
                       Reconhecer sua responsabilidade,
                       No desequilíbrio, é uma atitude salutar! 

                     Analise seu comportamento habitual.
                     Mude sua forma de pensar.
                     Entre em sintonia com o Amor Universal.
                     Ame-se mais e aprenda a perdoar!

domingo, 1 de janeiro de 2012

Eu Quero.


Há muito deixei de escrever, na agenda, minhas metas para o ano que chega.
Percebo que agi de forma errada. Termina o ano e não consigo ver se realmente fiz alguma coisa produtiva, interessante ou planejada. É melhor voltar ao velho hábito...

                               Eu quero tantas coisas...

                              São tão difíceis de enumerar
                              Mas com certeza, todas elas,
                              Nas minhas mãos hão de chegar!
           
                              Cachinhos de saúde,
                              Com favos de contentamento,
                              No dia a dia, transformado em alimento!

                               Quero ainda voar nas asas do condor,
                               Salpicando os continentes com confetes de alegria.
                               Transformando dores e tristezas, em pura fantasia.

                                Eu quero tantas coisas...