Sentada nos fundos da casa, observo o pequeno jardim que a minha frente se estende. Um pequeno canal divisa o jardim da rua, onde apenas os carros transitam. As frondosas e altas árvores que seguem após a rua, escondem as altas construções de apartamentos. A minha privacidade é única!
Sem embotar minha visão, permaneço sentada por horas a fio, perdida em pensamentos inquietos sobre o que deveria estar fazendo. Enveredo pelas palestras do Marlon Reikdal, que me convida, de forma autoritária, a um Vai para Dentro. E nesta busca de ir para dentro e me conhecer, vou me assustando com minhas próprias mazelas, que ele teima em chamar de simplesmente Natureza Humana.
As flores multicoloridas que se esparramam no tapete verde, circulam o laguinho, onde pequenos barbos rosados nadam entre as folhagens dos lírios d'água. E eu continuo na minha inquietação diária. Me questiono se não trai minha missão de vida. Muitos afirmam que se ouvíssemos mais atentamente nosso Eu interno, seríamos mais sábios e felizes; mas o burburinho constante da vida, da rotina, do afã do ter nos prejudica. E, agora, com esta pandemia, nos sentimos obrigados a parar. E quantos ainda se ressentem deste “parar”. O silêncio começa a incomodar… Não é fácil ir para dentro. Exige coragem!
Observo o vento balançando os galhos das árvores e este movimento repercute em minha mente. Pensamentos que vão e vem… Uma doçura imensa de gratidão me invade o coração quando penso nos filhos e netos, na profissão que exerci, na vida que construí. Posso não ter feito tudo que deveria, mas, com certeza, fiz o melhor que consegui fazer. Uma amiga me liga e desabafa seus sentimentos de decepção, de raiva, de vontade de mudança… Ah! quem dera ter as palavras certas, o caminho marcado para dar-lhe a direção segura e mais feliz. Mas isto só ela pode descobrir. Ela tem que ir para dentro...
É preciso descobrir dentre as nossas dores, qual a que mais dói. É preciso definir o tamanho desta dor… e, assumindo nossas responsabilidades, pelas escolhas feitas, rastrear esta dor até seu ninho. É preciso coragem para aceitar nossas responsabilidades e nossa natureza Humana. Neste caminho, necessitamos de um grande amigo junto de nós: o perdão! Sem o perdão para nós e para os outros, estacaremos no meio do caminho.
O balançar das folhas e flores continuam. Meus pensamentos também continuam flutuando...mas olho para meu companheiro e pergunto sobre o que ele pensa. Há muito tempo na sua mudez contemplativa, ele apenas me responde: _Nada! Apenas observo!
E me pergunto se faz parte desta cultura nórdica este contemplar… Que antes eu acreditava ser solidão; depois de muitos anos e muita convivência, dou minha mão a palmatória _ é simplesmente prazer em admirar, em comungar com a natureza.
Sentem prazer em tirar um tempo para irem para dentro! Eu na minha brasilidade festiva não fui ensinada a contemplar… faço muito barulho.
Muitas vezes fecho a porta, mas não vou para dentro… Fecho o livro e sinto vontade de escrever. E mais uma vez a brisa quente provoca o bamboleio das folhas. Vou continuar a caminhada pelo meu corredor na busca de mim, mas os versículos de Mateus ficam comigo: “Observai os pássaros no céu: eles não semeiam e não colhem, e não guardam nada nos celeiros; mas vosso Pai Celeste os alimenta…
Observai como crescem os lírios dos campos; eles não trabalham, nem fiam; e, entretanto, eu vos declaro que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, nunca se vestiu como um deles…” (Mateus 6:26-29)
Foto: A.A.Machado
Que bom que voltou!!! Parabéns!!!!
ResponderExcluirPela volta e pelo belo texto.👏👏👏🙏❤️❤️❤️
Grata pela gentileza! Vamos torcer para outros textos fluirem.
ExcluirComo sempre arrasou no texto. Lindas palavras e “vamos para dentro” 😉🙏❤️
ResponderExcluirComo sempre arrasou no texto. Lindas palavras e “vamos para dentro” 😉🙏❤️
ResponderExcluirMuito gentil da sua parte. Bjs
ExcluirQue lindo. Como sempre arrasando. Saudades. ♥️♥️♥️♥️♥️
ResponderExcluirGrata, amiga!⚘💜
ExcluirQue lindo. Como sempre arrasando. Saudades. ♥️♥️♥️♥️♥️
ResponderExcluirGrata, querida!
ExcluirQue lindo! Viajei aqui nesta descrição. Parabéns
ResponderExcluir“E me pergunto se faz parte desta cultura nórdica este contemplar… Que antes eu acreditava ser solidão; depois de muitos anos e muita convivência, dou minha mão a palmatória _ é simplesmente prazer em admirar, em comungar com a natureza.
Sentem prazer em tirar um tempo para irem para dentro! Eu na minha brasilidade festiva não fui ensinada a contemplar… faço muito barulho.”
Importante o movimento de ir para dentro. Também desejo. ��
Vale a pena conhecer estas paragens! Grata pela leitura.
Excluir