domingo, 31 de julho de 2011

Nas asas do tempo



Com dores de mãe, deixo apenas o poema...

Na varanda,
    com minhas asas...
 
Flutuo em um oceano de asas:
Nas asas dos meus sonhos,
Alço vôos de grandeza;
Mas também bato as asas em fuga.
Fuga para lugares distantes...
Entretanto, é na asa,
Da minha xícara de chá,
Sentindo o calor envolver meus dedos,
Que deponho as asas da imaginação.

Pelas asas das narinas, surpreendo
O doce perfume da dama da noite,
Que parece perceber
as asas da bruxa noite, a invadir a lua clara,
Que teimava, há pouco, a  firmar.

Sinto um arrepio às minhas costas.
Antes que as asas do medo se fechem ao meu redor,
Lembro – me da voz doce da minha mãe:
“Que as asas do seu anjo da guarda espantem medos,
Tristezas e arrependimentos.
Que tragam saúde, amor e contentamento.”

Com o olhar perdido,
Descubro a coruja que insiste em abrir
E fechar suas asas chamuscadas,
Enquanto rotaciona a cabeça
Em vigilância constante.
Bebericando o chá, vejo que
Abri e fechei, infindáveis vezes,
As minhas débeis asas...

Houve vôos rasantes
E muitas derrapagens...
Mas quantas descobertas!!!


                              01/07/2007
Que a semana seja cheia de luz e até segunda...

domingo, 24 de julho de 2011

Sou avó sim, e daí?!

 

Alguém me disse que ando me lamentando no blog... Sinto que tenham percebido desta forma. Criei o blog para compartilhar situações do cotidiano e, sem grandes pretensões, apresentar meus rabiscos poéticos. E com este objetivo vou seguindo... 
   Ontem, meu neto completou seis anos, hoje, é a vez da neta celebrar seus oito anos. Venho tendo o privilégio de aqui e ali participar destes doces momentos de suas vidas. É interessante perceber como eles, que são três, são capazes de nos lembrar o quanto é divertido simplesmente viver. Eles nos trazem o prazer de exercer novamente aquela maternidade de primavera. Embora de maneira mais suave, mais leve, menos responsável. Afinal, estamos com mais experiência, com mais tempo e com menos preocupações... Não há mais a obrigação do sucesso. Há um ritmo diferente, que nos permite uma troca de experiência, na qual me sinto renovada e com  a certeza de estar contribuindo para o amadurecimento de cada um deles.
   Nestas férias, folheamos velhos álbuns e eles foram descobrindo uma avó mais jovem, um avô mais esguio, lugares diferentes em que vivemos, pais que também foram crianças como eles são agora e tantas outras "novidades" do passado. São momentos em que me sinto historiadora da família. Transportando-os no tempo, revivo minha história. E quando vejo seus olhinhos atentos, seus sorrisos se abrirem diante das traquinagens realizadas pelos pais, percebo minha grande realização de vida: Construí uma família!
   Muitos pais temem tornarem-se avós. Afinal, na visão de muitos, ser avó ou avô é sinal de velhice. Também passei por isto. Hoje sei que ser avó foi apenas uma transição. Uma transição para melhor. Nas palavras de Kanitz  Você estará é passando para um estágio superior, você estará transcendendo. Passará a ser uma avó, cujo surgimento foi um dos eventos mais importantes que a espécie humana produziu, e uma das razões de nosso sucesso como espécie.
   Não sei se somos tão importantes assim, mas sei a importância que meus avós tiveram em minha vida. E desejo deixar este legado aos meus netos. Um legado de amor e respeito pela família; independente da forma que  ela é ou está construída. Desejo que eles sintam-se orgulhosos do seu passado e que sintam-se prontos para o futuro.
   Sinto pelas crianças e pelos avós, que de alguma forma, estejam impedidos desta convivência tão necessária e tão salutar. De acordo com relatório da Grandparents Plus, cerca de um milhão de crianças são incapazes de ver seus avós por causa da separação da família. Além disso, eles relatam que quatro em cada cinco adolescentes dizem que um avô é a pessoa mais importante fora da família imediata.
    Sendo assim, encerro com algumas dicas, para os avós, da psicóloga e terapeuta familiar Lidia Aratangy:  

1. Dê o exemplo
2. Ajude nos estudos
3. Participe da vida escolar
4. Vá a reuniões de pais quando necessário
5. Leve a eventos culturais
6. Ensine algo que domine
7. Leia para seus netos
8. Proponha jogos educativos
9. Seja presente
10. Passe sua experiência de vida
Poeminha sem graça...

Chuva?
É pingo d'água que cai da nuvem...
Jardim?
É flor colorindo os olhos, com sabor de hortelã.
Colhemos as flores nas orvalhadas manhãs...
Enquanto o sol espanta a chuva,
Para dentro dos corações solitários...

                    Boa semana e até a próxima segunda...






segunda-feira, 18 de julho de 2011

E quem cuida de mim?!



Deixei de ver meus filmes da madrugada. Tomo café da manhã com meu pai. Mas ele não tem um horário preciso para levantar... Perdeu a noção do tempo. Dei-lhe uma tarefa diária: Molhar as plantas. Acordo com o barulhinho da água. E aí ele toma a primeira das várias pílulas do dia.  Enquanto ele, em uma cadeira, toma sol e sonha com o passado, eu limpo o jardim.Tenho que ser criativa no preparo das refeições,  seu apetite precisa ser estimulado. Assim como sua mente e seu corpo já cansado e encarquilhado.
 Tomei um susto quando me passaram a lista de cuidados e atividades para serem realizadas. Me lembrei de quando tive o meu primeiro filho, com a diferença de que naquela época eu era cheia de energia e vitalidade. Não sentia que o tempo escorria de forma tão rápida. Vendo o meu pai, é como se tivessem colocado um espelho em minha frente... E agora  que pensava, depois de cumpridas minhas obrigações como mãe e profissional, poderia usufruir da aclamada aposentadoria, reinicio uma nova temporada de mãe. Sinto a ausência do poder público. Não tenho a quem pedir socorro... Os filhos estão correndo atrás de suas estabilidades, sonhos, família.  Os tios e tias estão passando pela mesma situação. Sou filha única. O Brasil não tem uma rede de apoio aos cuidadores, não há serviços ou entidades que possam auxiliar-nos neste momento; salvo quando você dispõe de uma situação financeira privilegiada. Países como Holanda ,Alemanha, Canadá e Inglaterra dispõe de uma assistência exemplar. Meu sogro, holandês, faleceu com 93 anos. Morava sozinho. Todas as manhãs, recebia uma visita apenas para confirmar que estava bem. Uma aplicava a medicação, a outra auxiliava na higiene , além de uma outra, responsável pela limpeza pessoal e, ainda,  recebia a alimentação necessária nos horários prescritos. Sem nenhum custo. Toda esta rede, está a disposição do cidadão que contribuiu para o enriquecimento do seu país. Outras benesses também estão incluídas, mas se for comentá-las... 
Cuidar do meu pai não é uma opção, mas tornou-se  uma obrigação devido as circunstâncias, assim como tantos outros cuidadores de idosos. Onde as filhas e esposas, com idades entre 50 e 60, assumem esta responsabilidade, levando-nos a uma rotina cansativa e estressante; podendo causar a "caregiver stress".
Estou aprendendo, revendo meu passado e caminhando no compasso dele... Carinhosamente vou acompanhando-o nesta estrada que está findando. 
Sem poemas desta vez, e eis a razão da pausa da semana passada.


                                      Um beijo especial, a minha filha, que cuida de mim...

domingo, 10 de julho de 2011

Uma Pausa...




Precisava de uma pausa e fui a São Paulo.Uma cidade maravilhosa!
Efervescente de cultura, de lugares pitorescos e de gente educada, afável. Sabem o valor do Muito obrigada, do Licença! E, quando dizemos obrigada ou pedimos desculpas eles respondem com um sonoro "magiiina!". Como faz diferença essas pequenas amabilidades... Estão sendo esquecidas as palavrinhas mágicas: Por favor, muito obrigada, licença e desculpa. Sugiro fazermos uma campanha  em favor do resgate destas palavras. Vamos ensinar filhos e netos o valor que elas têm e agregá-las ao nosso dia a dia. Mas é preciso lembrar, que elas devem vir acompanhadas de comportamentos pertinentes. Isto é sinal de respeito ao outro, é sinal de educação, é sinal de elegância.
E por falar em elegância, perdeu quem não visitou o MAB, com a exposição Os Anos Grace Kelly, Princesa de Mônaco. Distinção e graça eram a marca desta atriz que tornou-se princesa.
 Assistimos o musical Mamma Mia, a peça Sem Pensar, com Denise Fraga, e Mambo Italiano, com Jussara Freire. Ambas comédias de costumes com atrizes, Atrizes!
Em tempos de caras e bocas é sempre prazeroso reencontrar os velhos talentos...
O motivo da pausa é assunto para a próxima segunda... Até lá fiquem com 
          
                   Divagações
     
Sonhar ou realizar?
Amar momentos ou
Amar inteiramente?
Dormir ou acordar?
Tudo tão
Complicadamente simples
Para quem quer apenas e 
Tão somente viver...
                      
Shakeaspeare propunha
A seguinte situação:
“Ser ou não ser: eis a questão”
Para mim, pessoa tacanha
A coisa muda de configuração,
Tudo se resume em ser tudo
Ou nada não.


                                               10/02/95

  Divirtam-se...

domingo, 3 de julho de 2011

Sharing...gosto desta palavra!




Share... Compartilhar... Gosto muito desta palavra.
Não tenho manias de estrangeirismos mas, devo confessar, que algumas palavras são mais suaves que outras, em determinadas línguas. E share é uma delas, pelo menos para mim. Por isto, desejo  share com vocês, os bons momentos, que tive o privilégio de desfrutar esta semana. Acabei fazendo   muitas coisas prazerosas e interessantes. 
Uma delas foi assistir o show da Fernanda Takay com  o grupo Aterciopelados; nO Festival Soy Loco Por Ti América.  Dirigido e apresentado por Paulinho Moska, no CCBB, que vem apresentando uma mistura de sons musicais interessantíssimos; como o P. Moska diz, um verdadeiro “beijo de línguas”. Outra atração que vale conferir é o filme Meia Noite em Paris de Woody Allen. A fotografia e a  trilha sonora  abrilhantam esta viagem a Paris da era do Jazz. Figuras importantes da Literatura, da Música, da Arte em geral  passeiam e festejam a Paris que a todos acolhem. Por isto Paris é, até hoje,  Paris!
Amigas, se o seu amado não puder acompanhá-la, não se preocupe, o filme é tão bom, que mesmo sozinha você estará muito bem acompanhada. Quem já foi a Paris vai sentir-se em casa, quem nunca foi, vai sentir o quanto está perdendo...
Como Cole Porter surge, no filme, ao piano...Apresento a vocês:
         O Piano

O piano executa uma triste canção...
Cada carta lida,
Representa um capítulo de ilusão.

Sentir a vida,
Pode ser um desafio,
Para quem tanto deseja,
Uma paixão...

Há encontros,
Reencontros,
Prelúdios e,
Interlúdios
Mas chega o momento...
Do acabar...
Do partir...
Do adeus.

E, aí, mais um capítulo
Que encerra esta união...
E novamente o piano executa
Mais uma triste canção!


                                   15/09/1992