segunda-feira, 18 de julho de 2011

E quem cuida de mim?!



Deixei de ver meus filmes da madrugada. Tomo café da manhã com meu pai. Mas ele não tem um horário preciso para levantar... Perdeu a noção do tempo. Dei-lhe uma tarefa diária: Molhar as plantas. Acordo com o barulhinho da água. E aí ele toma a primeira das várias pílulas do dia.  Enquanto ele, em uma cadeira, toma sol e sonha com o passado, eu limpo o jardim.Tenho que ser criativa no preparo das refeições,  seu apetite precisa ser estimulado. Assim como sua mente e seu corpo já cansado e encarquilhado.
 Tomei um susto quando me passaram a lista de cuidados e atividades para serem realizadas. Me lembrei de quando tive o meu primeiro filho, com a diferença de que naquela época eu era cheia de energia e vitalidade. Não sentia que o tempo escorria de forma tão rápida. Vendo o meu pai, é como se tivessem colocado um espelho em minha frente... E agora  que pensava, depois de cumpridas minhas obrigações como mãe e profissional, poderia usufruir da aclamada aposentadoria, reinicio uma nova temporada de mãe. Sinto a ausência do poder público. Não tenho a quem pedir socorro... Os filhos estão correndo atrás de suas estabilidades, sonhos, família.  Os tios e tias estão passando pela mesma situação. Sou filha única. O Brasil não tem uma rede de apoio aos cuidadores, não há serviços ou entidades que possam auxiliar-nos neste momento; salvo quando você dispõe de uma situação financeira privilegiada. Países como Holanda ,Alemanha, Canadá e Inglaterra dispõe de uma assistência exemplar. Meu sogro, holandês, faleceu com 93 anos. Morava sozinho. Todas as manhãs, recebia uma visita apenas para confirmar que estava bem. Uma aplicava a medicação, a outra auxiliava na higiene , além de uma outra, responsável pela limpeza pessoal e, ainda,  recebia a alimentação necessária nos horários prescritos. Sem nenhum custo. Toda esta rede, está a disposição do cidadão que contribuiu para o enriquecimento do seu país. Outras benesses também estão incluídas, mas se for comentá-las... 
Cuidar do meu pai não é uma opção, mas tornou-se  uma obrigação devido as circunstâncias, assim como tantos outros cuidadores de idosos. Onde as filhas e esposas, com idades entre 50 e 60, assumem esta responsabilidade, levando-nos a uma rotina cansativa e estressante; podendo causar a "caregiver stress".
Estou aprendendo, revendo meu passado e caminhando no compasso dele... Carinhosamente vou acompanhando-o nesta estrada que está findando. 
Sem poemas desta vez, e eis a razão da pausa da semana passada.


                                      Um beijo especial, a minha filha, que cuida de mim...

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