segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As raízes podem ser...


Entre um passeio e outro, esta semana li uma entrevista da Eliane Brum com a gaúcha Débora Noal, psicóloga, que faz parte da organização Médicos Sem Fronteiras. Conhecer pessoas como Débora, que neste momento, deve estar prestando atendimento em algum lugar perdido desta imensa civilização, nos dá uma alegria enorme, mas também, saber que ainda não alcançamos este desprendimento, esta coragem, esta leveza, nos deixam um tanto  constrangidos, um tanto dawn...
 Há muito, digo a mim mesma que vou fazer um trabalho voluntário, mas ano após ano,  sempre encontro uma outra coisa com que me ocupar. Aí aparece uma jovem como esta, e nos esfrega na cara o quanto estamos sendo omissos. Não que ela faça isto premeditadamente, é porque ela é o que é. Mas como ser humano, fraco que sou, encontro alento em um livro. Desses que você compra no aeroporto, no último minuto. Eu, por exemplo, escolhi pelo número de páginas -507 páginas. Duraria, pelo menos, uns três dias. Mas, voltando ao alento encontrado. Estas são as palavras da autora, Mônica de Castro, segundo ela psicografadas do espírito Leonel (Você o conhece? Nem eu!) : “...todos fazemos o que é certo na vida, embora o certo e o errado variem de acordo com a maturidade e o conhecimento de cada um. Quem aprende mais, sabe mais. Conseqüentemente, está em condições de tomar atitudes mais amadurecidas e equilibradas. Quem pouco ou nada aprendeu não pode ir além dos limites do que sabe.” Portanto, vou aceitando minhas limitações e fazendo o que posso, com a certeza de que ainda estou em evolução. Que estou certa.
Mas  a essência da Débora me capturou. A forma como ela define vida, família, trabalho, bens...  Entretanto, foi  o título, Minhas raízes são aéreas, é que não me saiu da cabeça. Raízes aéreas... Fiquei imaginando, que seriam raízes voltadas para o infinito, raízes soltas, livres, raízes que a nada se prendem... Apoderei-me da idéia.Também sou uma pessoa  com raízes aéreas... Uma mistura de céu/infinitude e ar/vento/liberdade.
 Pesquisei. Descobri, para minha decepção de sonhadora criativa, que raízes aéreas também matam. Dentro da Botânica, elas se subdividem em raízes: estranguladora, aderente, respiratória, suporte e sugadora...  Caí do cavalo. Sou raiz, mas não quero ser aérea. Sou subterrânea. Sou aquela que vai simplesmente ramificando-se durante a vida, e quem sabe levando um pouco de seiva por aí...  Então volta-me o pensamento: "...Quem aprende mais, sabe mais. Conseqüentemente, está em condições de tomar atitudes mais amadurecidas ...”
                                      
                                      O chá
                    O chá, servido na varanda,              
                        Tem perfume e sabor de flores...
                        O cachorro que ladra ao longe,
                        Os papagaios que voltam para os ninhos ao cair da tarde,
                        Os pingos de chuva,
                        Que teimam em cair no jardim de petúnias e amores perfeito...
                        No silêncio barulhento de tardes como esta,
                        É quase possível escutar os gorjeios
                        Dos miúdos filhotes no ninho...
                        Ninhos que teimam em equilibrarem-se
Nos leves galhos de boldo, romã
E, até mesmo, no de capim santo...
O chá, servido na varanda,
Tem sabor e perfume de flores...
Na pequena fumaça que da chícara se esvai...
As lembranças de velhos e queridos amores!...

  


Posted by Picasa

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