segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Outono lá...Pitangas aqui!


Sempre escrevi pelo prazer de fazê-lo.  Sou to tipo que gosta de expressar idéias, sentimentos, acontecimentos...  Necessidade de compartilhar... 
Criada, quase sempre sozinha, os livros e os cadernos sempre foram meus amigos. Escrevia como forma de dialogar comigo. E foi assim durante muitos anos. 
Demorei a mostrar meus rabiscos para os mais próximos. Gostaram ou fizeram que...
Depois veio a era digital... E aqui estou eu tentando aprender...
Espalhando meus rabiscos em um blog... Pessoas desconhecidas lêem meus textos e, alguns, me cobram assiduidade. 
Me veio a ansiedade de cumprir expectativas...
Você já experimentou escrever? Não estou mencionando escrever para alguém. Mas você já experimentou escrever para você, sobre você ou mesmo imaginar um certo você... 
Tenho certeza que alguns já fizeram isto há muito tempo, em um diário... Coisa do passado!...
Já há alguns dias, sento e tento escrever, mas não sou disciplinada o suficiente para isto... 
Vou lavar a louça ou simplesmente colher as pitangas vermelhinhas que teimam em cair do pé.
Queria que elas resistissem até o Natal, assim nem precisaria enfeitar nenhuma árvore para o Papai Noel.
Ela estava muito mais bonita! Agora não mais, colhi quase todas...
Se Drumond já afirmava que escrever é um ato triste e de luta, imagine para mim!
Quando não sinto aquela cócega cerebral, fico vasculhando pelas palavras e elas terminam me decepcionando... E novamente me vêem as palavras de Drumond:
"...O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. 
Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina."
Por isto não me cobrem assiduidade.
Quero e gosto de escrever... Gosto das palavras, gosto de brincar com elas...
Elas são como folhas de plátano no outono.
Mudam de cor! São camaleoas!
Antes verde, depois vermelhas enferrujadas e em seguida amarelas...
E todas elas, misturadas, multicolores, vão desprendendo-se das árvores e sendo levadas pelo vento... Quando cansam de voar, pousam suavemente e carpetam o caminho até desintegrarem-se... 
Palavras que enfeitam e adubam idéias, pensamentos, até mesmo atitudes...
Sinto inveja daqueles que, disciplinadamente, sabem combiná-las criando verdadeiras tapeçarias literárias; alguns textos, parecem um pomar no paraíso, são saborosos...
Clarice Lispector disse uma vez que "Expressar-me por meio de palavras é um desafio. Mas não correspondo à altura do desafio. Saem pobres palavras."
Vou seguindo adiante, acreditando que  minhas pobres palavras, uma vez ou outra, quando elas invadem meus pensamentos e criam verdadeiros redemoinhos para saírem,  possam encontrar terra fecunda em alguns leitores.
Sem pretensões de mudanças, mas apenas de um desabrochar...
E, se você decidir experimentar este desafio, volte a escrever seu diário. 
Você verá que tem uma história e tanto para contar...


Foto: Lúcia Boonstra

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sem regas, sem cobranças... escrever é jeito verdadeiro de mostrar sobre o somos e pensamos. Parabéns. Bjo

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    1. Obrigada, Camila! Por pessoas como você sigo adiante sem chorar as pitangas, mas colhendo-as. Rsrs... Um abraço.

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  3. Prima será o DNA Firmino??? kkkkkkk Nossa que delícia de texto, delícia mesmo, eu gosto de escrever, mas gosto assim como você. Tenho que sentir de desejo, aliás, tudo que faço é assim: se não tiver uma pitada de paixão não tem graça.
    É tão assim que no dia que você falou sobre esse texto não tava com vontade de ler, comentar então... mas hoje pintou a vontade, curiosidade e foi muito prazeroso. Muito engraçado o quanto me identifiquei com este texto, senti como se fosse meu. Parabéns! Tudo o que fizeres, faça assim: com paixão! Bj

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    1. Obrigada, Andréia Luiza! Muitos de nós temos estes dons, mas poucos os cultivaram... Mas fico feliz em saber que você gostou do texto, quando puder leia os anteriores. E parabéns pelo programa, você tem uma verdadeira legião de fãs! Sinal de que você está cuidando e permitindo seus dons florescerem... Um abraço!

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