terça-feira, 1 de outubro de 2013

ComUnidade, vou seguindo ...

                                                                   
Aos domingos, pela manhã, sempre vou a igreja e assisto a missa. Embora compreenda uma palavra aqui e outra lá, sinto-me confortável ali. O prédio de tijolinhos aparente, de linhas retas e que foge dos padrões das igrejas europeias, tem o pé direito alto, vitrais, do artista holândes Marius de Leeuw, que convidam os raios do sol a aquecer suas cores suaves. Ele está embrenhado entre os plátanos e ciprestes, que encontram com as  águas límpidas  do lago que é abastecido pelo canal vizinho. Uma  verdadeira joia escondida!
Os sons guturais  da língua, que ressoam nos quatro cantos, as vozes celestiais do coral, acompanhadas pelas notas musicais do velho piano, os silêncios intercalados ... Tudo isto me conforta! 
O fato de não compreender a língua, me deixa livre para ficar comigo, para cismar meus pensamentos, meus sentimentos, minhas gratidões, minhas aflições.
Aproveito esta liberdade para especular, também, a decoração " clean", que aqui e ali é agraciada com as imagens  santas. A iluminação  moderna, simples e eficiente no teto branco reto, cumplicia com os vitrais, que ocupam os dois cantos dos fundos da igreja,  projetando as imagens vanguardistas dos santos.
O conjunto "per si" identifica esta comunidade. Uma comunidade comprometida com os ensinamentos bíblicos e não com as regras ou  as exceções da Santa Madre Igreja. Ali, mais uma vez, me sinto confortável.
Eles me acolheram e, com eles, venho aprendendo a enfrentar meus medos, minhas indecisões e  as intempérias de um recomeçar em uma nova terra.
Conhecer os rituais me faz sentir em casa. É uma gota de orvalho diante das chamas dos estranhamentos. Neste espaço, aprendo e exercito a minha ligação com o Universo, com a Energia, com Deus. Todos nós necessitamos de um lugar, de um tempo para organizar nossas energias, realinhar a nossa essência divina e estreitar nossos laços com o Criador.
Talvez, para meus amigos agnósticos seja incompreensível. Porém, aos domingos, naquele espaço, embalada pelos cânticos sagrados, praticando e exercitando nossos rituais, sinto que criamos uma conexão com o Começo  e o Fim, somos verdadeiros imãs, atraindo luzes e energia puras. Isto me conforta!
Esta comunidade, toda ela quase octagenária e que vem se diluindo; com sua postura de nobreza, dignidade e reverência, persiste nas suas reuniões. E com  ações singelas e significativas luta para que suas crenças, seus rituais, suas preces e suas amizades permaneçam. E com um pouco de sorte, multipliquem... 
Me uni a eles. E, aos domingos, pela manhã, procuro me sentar quase sempre nos últimos bancos,  e, imbuída de um sentimento de devoção, procuro aquietar meu corpo, limpar minha mente, tranquilizar minhas emoções e reverenciando a Deus, me entrego ao  ritual da prece:

" Creio em um mundo para todos;
sem limitações, nem restrições,
sem fracos e sem fortes...
Em um mundo de amor
em um mundo para amar.
Creio em um mundo para todos;
sem chutes, nem agressões
onde ninguém sofre humilhações...
Em um mundo de amor
em um mundo para amar. ..."
                     A Oração  do Credo (Tradução parcial da oração do dia 13/10/2013)
                          é substituída por uma oração que é criada  a cada celebração,
                          permanecendo apenas a frase inicial: Eu creio..

Foto:  Lúcia  Boonstra Firmino



4 comentários:

  1. Um domingo embalado por uma sensação de recomeçar com alma limpa e coração tranquilo. Muito bom!! Bjo grande

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    1. Camila, você traduziu muito bem o sentimento que, todos nós, cristãos, temos depois de participar dos nossos rituais. Obrigada pela visita e continuamos "espiando" o http://arteempartes.com/. Bjs

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  2. Os rituais têm esse poder: de convidar nosso íntimo a dançar uma suave valsa ao sabor da fé.

    Abraço, Lúcia!

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    1. A sua metáfora é perfeita, Moacir Wilmondes! Mais uma vez, obrigada pela visita.

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